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A instrução de pai e mãe faz a diferença. (Publicado no Jornal O Liberal, 28/04/07)

           

Estamos vivendo uma época nova, uma época na qual o jovem está cada dia mais livre, os direitos estão a cada minuto mais favoráveis à vulnerabilidade do ser como vida biológica. Ser adolescente já não é ser tão rebelde, temperamental, compulsivo, atrabiliário, como achavam em tempos passados; hoje o jovem já não está tão rebelde, não está agressivo, não está teimoso; o jovem está, eufemicamente - como dizem os 'especialistas' - 'propenso a certas tempestuosidades comportamentais, geradas por uma mudança na sua taxa hormonal'. Daí o adolescente ser abjeto devido a um péssimo caráter não se torna tão ruim ou culposo, por desta forma aparentar não ser o cérebro quem comanda as atitudes dele. O pobrezinho está atabalhoado pela maldita explosão hormonal e as atitudes dele vêm dos monstrinhos que parasitam seus corpinhos em formação, tornando-os pequenos zumbis inimputáveis.

            É um pouco confuso hoje o homem vangloriar-se por ser o ser supremo da biosfera, o único ser racional, capaz de tudo que sua brilhante mente o puder proporcionar, querer se comparar com os mais simples e menos complexos seres insociáveis. Vejamos: imagine um pitbull, um simples, insociável e pobre cão, solto pelas ruas após sair de sua 'jaula'. Poderia o animal morder qualquer um em sua frente; não foi ensinado a esse ser que morder alguém é ruim, causa muita dor e pode matar. Imaginem uma cadela no cio e aquela dezena de parceiros querendo arrostar e viver um pouco de suas naturezas com a cadelinha. 'Tudo bem, sei que já tivemos vontade de sair por aí num dia daqueles e socar o primeiro idiota que pisasse o nosso pé; sei que muitos homens, ao verem uma linda mulher, sensual, envolvente, tiveram os seus hormônios aflorados', porém não saíram pelas ruas dando tabefes (salvo as exceções) nos primeiros que os enfezaram, não arrancaram a roupa da mulher que desfilava linda e faceira pelas ruas e a sucumbiram aos seus lascivos desejos. Portanto, ter o mínimo de noção na esfera social ajuda bastante e nos difere dos animais.

            Isso tudo faz a diferença do ser pensante sociável, detentor de um cérebro capaz de aprender como se deve agir para ser bem aceito de um modo geral na sociedade. Não devemos analisar quantitativamente os adolescentes. Cada ser, em seu mundo, absorve a educação que lhe é dada, portanto devemos saber que a educação oferecida a um filho, um neto, um sobrinho, não será para exclusiva utilização familiar; devemos saber que o ser terá que conviver em sociedade e todos os espaços que ela proporciona para uma aglomeração humana, no qual cada um terá que inspirar ou expirar a educação do outro, a boa ou a má, e estas formam diferenças significativas na vida como um todo. Sendo assim, a desculpa dos especialistas só serve para alguns, não se encaixa na maioria dos adolescentes. A história da explosão hormonal é bem verdade, mas a média de idade de estupradores passa longe da adolescência. A violência doméstica também, mas a criminalidade fora de casa, os pequenos assaltos, furtos, roubos, latrocínios, homicídios, etc, somam, e muito, à média de idade adolescente.

            O valor moral, social, educacional que irá construir um ser sociável, humano e digno, é determinante na hora de diferenciá-lo dos animais. Por isso, viver em família e absorver boas instruções de pai e mãe traz ao adolescente de hoje uma significativa diferença, conduzindo-o a um mundo real, dando-lhe o discernimento entre a tela e a vida real, entre o bem e o mal. Todavia, sem boa educação, defender-se atrás da impunidade torna-se cada dia mais rentável no comércio da criminalidade.

Maycal Souto

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