Ainda lá dentro, sem saber
se poderia cuidar, Ela pediu que crescesse, que não sofresse, não tivesse
doenças, que fosse saudável, se possível, se não, ao menos que fosse forte pra
suportar até acolá. Lhe deu de mamar e com um amor sublime, foi paciente, sem
nunca cansar. Nas noites de fome o pequeno choro lhe trouxe a angústia, nos
dias de vida dura, nos seus braços, ele pôs-se a pesar, mas nada disso ela
sentiu, pois o amor veio lhe acalentar. O amor acolhe, alivia, transforma dor
em esperança, transforma angústia em paz, e o sofrimento passou devagar. Se
nela havia fome, a ele daria leite, e a fome dela acabava, se nela havia
cansaço a existência dele lhe dava forças, se ele sorrisse, ela sorria com a
alma, sem jamais ver a dor ao menos aproximar.
Ela é o amor da vida dele,
sua maior riqueza, tudo de melhor que nele há. Ela é linda, ela é bela, seus
olhos não veem como nos dias de lá, as mãos já estão ressequidas a pele
enrugada como uma rosa a murchar. Essa é a beleza dela: O desgaste do amor o
suor e a dor o trabalho o pesar e mais um dia brotar. Quando ele cresceu e os joelhos
veio ralar, quando de bicicleta caiu, quando não voltou para casa, quando não
mais a beijou, quando não mais a abraçou e sentou-se com ela na cama a rezar, quando
na madrugada não sabia se a vida estava sendo boa pro seu amado bebê, o coração
voltou a chorar.
Mas com tanto amor, tanta
devoção e tantos pedidos aos céus, muitos dos desejos daquele coração ao único
filho, enfim pode dar. Ela enfim sorriu, respirou fundo e pôs-se a chorar, mas
não de dor, não de pesar. A Ele voltou-se prostrou-se ao chão e pôs-se a
rezar... os joelhos ao chão, as mãos aos céus e a alma também, ali soube
amar, louvar, ir a Deus aclamar. Agora sorriu e a Deus pôs a falar: “Obrigado
por ele suportar e mesmo assim pobre, pode um diploma alcançar, agora cuide que
possa trabalhar, ser feliz e uma família formar”.
E de tanto pedir, e de
tanto amar, nada Deus lhe pode negar [...]
Obrigado minha mãe Graciete, por sempre me amar!
Maycal Souto
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[1] imagem da internet
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